terça-feira, 14 de julho de 2009

"Não renuncio..."

Com que direito podem proibir a sua pronúncia?
Como podem tirar-nos o prazer de a dizer?
Não vou ceder a essa renúncia
Não vou como vós enegrecer!
Porquê ter medo de enfrentar as outras palavras?
Di-la! Essa que sai do coração
Que se banha no sangue sem hesitação.
Di-la! Não creias que apesar de consagrada
Tem por medo que ficar fechada.
Não cuides de a tornar proibida
Será mais facilmente banida.
E depois?
Depois contas apenas que se dirija à tua mão
Com a caneta pronta a escrever no papel
Fazendo com a tinta um enorme borrão
Mostrando que a sua presença é fiel.
Nesta sala fechada tal sentimento é mudo,
Mudo pelo seu conteúdo!
Porque têm os doces sentimentos
De ficar presos em lamentos?
Somos livres, se o sentimos
Porque pelo silêncio competimos?
Tens medo? Eu não!
E vou gritar até em todos entoar,
Até obter aprovação.
E não implores, não sou covarde!
Mesmo que o faças, já é tarde!
Olha! Ouve-me dizê-la com ardor:
“Não renuncio ao AMOR!”
E voam as palavras no ar,
Desvairadas
De tanto tempo aprisionadas!
As outras sentem-se ameaçadas…
Mas que importa o ódio, o rancor,
Que importa se apenas criam um ser impostor?
Nesta sala fechada já foi quebrada a regra
Agora aquela palavra nunca mais se desintegra.
As paredes que nos isolavam
Caíram por cima dos que odiavam
Não somos mais prisioneiros do rancor
Nem do ódio, mas sim do amor.
Mas houve tempo perdido,
Em que o mundo estava com o silêncio comprometido,
E pergunto eu, inconformada com a renúncia,
Com que direito proibiram a sua pronúncia?

1 comentário: