quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Decerto não"

Lembras-te, meu amor
Daquela rua sem saída?
Aquela de ar assustador
Mesmo no fundo da avenida?
Jurámos nunca lá entrar
Jurámos que ela nunca nos iria separar,
E então… nunca entrámos.
Ali ficámos…
Ficámos a viver a nossa vida
De passagem pela rua sem saída.
Lembras-te, meu amor
Daquela nossa história,
Do desenrolar comprometedor?
Ainda permanece na tua memória?
Éramos os protagonistas,
E tão optimistas
Que não lembrámos da desgraça,
Nem de que uma história de amor
Quase sempre fracassa…
Mas para quê?
Para quê viver com medo do fim
Se não aproveitamos o desenrolar?
E foi assim que vi em mim
A oportunidade de algo mudar.
E na esperança de cessar o medo
Entrei em segredo
Na rua sem saída.
Quebrei a promessa mais importante da minha vida
Para provar que nada há no mundo
Capaz de acabar com nosso amor profundo.
A rua cheia de frieza
Por momentos me deu certa incerteza.
Deveria eu estar ali?
Não vou desistir agora,
Se já uma jura traí
Não lucro ao ir embora.
E segui na estreita rua
Onde não chega a luz da Lua,
E por isso estava escuro.
Esperando encontrar um muro,
Porque se a rua não tinha saída
Também não deveria ser muito comprida…
Passo atrás de passo
Numa visão turva
Devido ao escuro abraço,
Não vi muro, mas curva.
Mas a rua…
Continua!
Para mim, é uma rua sem sentido!
Que ganho ao avançar ou que perco em recuar?
Aqui, é tudo tão desconhecido…
Bem, vou arriscar.
E continuei sem nunca considerar
A hipótese de voltar.
Não! Tinha de seguir em frente!
E aí, afirmei bem ciente:
“É uma rua de sentido único!”
Se nunca considerei a hipótese de voltar,
Se nunca perdi o medo e continuei a arriscar,
É porque só posso avançar num sentido!
E continuei, num corrido
Rápida
Veloz
Fugaz
Sem nunca olhar para trás
Correndo
Chorando
Desesperando
Sabendo que no fim algo se iria desvendar
E corri corri para no fim… te encontrar!
O que fazes aqui?
“Vim te buscar!”
Nunca mais me esqueço do teu abraço acolhedor,
Da tua voz.
Lembras-te, meu amor?
Decerto não, pois tu e eu nunca fomos nós…

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