sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"A Viagem por Vasco da Gama"

Lá no cais, na costa portuguesa,

A família treme de medo e de tristeza.

O povo português a maré banha

De lágrimas lusas, por onde os navios

Passarão; este sinal vem ajudar,

Vem sorte, coragem e algo mais dar.


Por entre a multidão de gente entristecida

A tripulação se vai desencontrando

E aqueles homens que são mais fracos

Por entre a confusão, suas lágrimas vão deixando.


Despedem-se da família, dos amigos,

Mas não de casos infiéis e proibidos,

Não de filhos bastardos nem de outros entes

Desconhecidos, fogem da família segunda

Sem dar conhecimento à mulher e seus filhos.

Não pensam, ou não querem pensar,

Que metade de Portugal terão que sustentar.


Entram nos navios, antes de ideias mudar,

Içam as velas, e põe o leme a trabalhar,

Viram costas à costa Lusitana,

Onde cresce o verde musgo nas árvores da floresta.

A bandeira Lusa sente-se desfraldar,

Portugal deixam, pensando em breve voltar.


Comando minha tripulação com medo de falhar,

A bússola aponta apenas um destino incerto,

Sinto-me perder no meio do mar cruel,

Mas não desisto, como quem sua nação não ama,

Ou não seria eu Vasco da Gama.


O tempo parece mais lento,

Ou talvez o Sol e a chuva o façam parecer

Talvez estejamos fora da rota,

Perdemos já navios, será que vão aparecer?

Seguiram outro caminho?

O Gigante Adamastor os devorou?

É incerta a viagem, mas só se pode gabar quem nela se aventurou.


Finalmente, desenhou-se naquele momento,

A figura escura e temida,

Parecendo, por nos ver, ofendida.

Tomo coragem, aproximo-me, valerá a sorte?

Não se sabe, apenas com o tempo se decidirá:

Vida ou Morte.


Sinto a guerra a fervilhar:

-“Ó Vénus, Vénus, onde estás

Que não me vens ajudar,

Ajuda esta tripulação

A vencer, a ganhar!”


Palavras ditas, Desejo realizado,

Vimos mais tarde a sorte do nosso lado,

O Gigante Adamastor, se treta tem,

Que é o muito que pode ter,

Desta vez não poderá vencer.

Segredo tinha, segredo revelou.

Aquela por quem ele suplicava,

A ele se renegou, e ele em nós se vingava,

Sem saber como se manter, sem nunca fraquejar,

Mas fraquejou, e esse momento bastou,

Para a minha tripulação aquele lugar deixar.


Passada a grande prova, sinto-me capaz de tudo,

Sei que o destino é incerto mas não é mudo,

Pois tenho a certeza que nos vai falar,

Irá dizer-nos até onde chegar!