terça-feira, 27 de dezembro de 2011

"Escuta-me"

Sentimentos verdadeiros são sentidos;

Acções os valorizam.

Mas sentidos são falsos e fingidos,

Difícil a tarefa dos que os utilizam.

Por isso encosta-te a mim…

E sente.

O bater do coração não mente.

Fica para sempre assim,

Ligado ao meu amor,

Ao que é e o que há-de vir.

E tudo o que for

Conseguirás ouvir.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Quem Manda no Destino?"

Escolher um projecto de vida não é fácil,

Aceitar certas limitações, ainda mais difícil.

Ter a certeza que se fez a escolha certa?

Dizem que o futuro se encarregará de responder.

Como? Se é necessário estar alerta

E sei que jamais me deixarão escolher?

Difícil então, não é escolher um projecto de vida,

Mas sim, não encontrar alguma limitação.

Eu, que já uma escolha tinha acolhida

E havia a certeza de que seria acertada…

Mas o destino tornou esse futuro em tal alucinação

Que sendo ele hoje, penso, calada,

(E há quem pense que talvez pense apenas!)

Que um dia, no passado,

O meu sonho fugiu, leve como as penas

Diga antes, roubado,

Porque algo ou alguém que em tempos no destino mandou

Me impôs uma limitação…

Algo ou alguém que pensou

Que era de fraco coração!

Que me deixaria ficar sem a minha vida.

Mas não farão de mim nem falsa esquecida

Feitiçaria, poções, mal querer ou voodoo,

E superarei a tal imposta limitação…

Mas porque terias de a ser tu?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Basta!"

Caminha pela rua,
Chove,
É noite, sobe a Lua
Mas nada a demove.
Aguarda altruísta
Por um melhor desenrolar,
Mas o Mundo é egoísta
E não lho quer dar.
Tão longa espera...
Neste mundo de maldade e desencontro
A única alegria que trouxera
Fora a do reencontro
Mas lá em cima
Longe deste clima,
E deu-lhe tranquilidade,
Não mais do que pedira,
Mas é a verdade:
Só a morte lhe acalmara a ira.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Coração Prometido, Roubo Cometido"

Era hora de dormir e estava ela ainda acordada.
Num impulso
Olhou para o pulso,
Vendo o relógio marcar a madrugada.
Seus olhos inexpressivos de sua cara enrugada
Lacrimejantes, já salgados,
E seus soluços abafados
Viriam mais uma vez despertar
Aquela saudade que a queria matar.
"Vem, desse oceano
De onde um dia partiste.
Aguardo ano após ano,
Que infeliz fado me exigiste!
A mim teu coração prometeste
Mas não cuidaste de o deixar.
O futuro... não o leste!
Não deu noticias o mar
Que pudesses não voltar."
Já o sol no horizonte raiava
Ainda ela murmurava.
Ali em frente ao oceano
Esperava por seu coração roubado
Aguardando um destino menos mundano:
Apagando aquele "infeliz fado".
Um dia, após tanta espera,
Tinha sua paixão voltado,
Mas não era de facto
Como tinha imaginado.
"Tantos anos sofredores
Rejeitando outros amores
Fiel ao teu legado...
Legado não, não senhor!
Porque não mo deste meu amor.
Levaste teu coração para outro lado.
Mas fui-te fiel.
Ousei ser fiel a algo ausente
Arriscando o passado e o presente...
E o futuro?
Como pudeste ser tão duro?
Ou fui eu pouco prudente
Ao prometer-me ao que não tinha?"

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"A Viagem por Vasco da Gama"

Lá no cais, na costa portuguesa,

A família treme de medo e de tristeza.

O povo português a maré banha

De lágrimas lusas, por onde os navios

Passarão; este sinal vem ajudar,

Vem sorte, coragem e algo mais dar.


Por entre a multidão de gente entristecida

A tripulação se vai desencontrando

E aqueles homens que são mais fracos

Por entre a confusão, suas lágrimas vão deixando.


Despedem-se da família, dos amigos,

Mas não de casos infiéis e proibidos,

Não de filhos bastardos nem de outros entes

Desconhecidos, fogem da família segunda

Sem dar conhecimento à mulher e seus filhos.

Não pensam, ou não querem pensar,

Que metade de Portugal terão que sustentar.


Entram nos navios, antes de ideias mudar,

Içam as velas, e põe o leme a trabalhar,

Viram costas à costa Lusitana,

Onde cresce o verde musgo nas árvores da floresta.

A bandeira Lusa sente-se desfraldar,

Portugal deixam, pensando em breve voltar.


Comando minha tripulação com medo de falhar,

A bússola aponta apenas um destino incerto,

Sinto-me perder no meio do mar cruel,

Mas não desisto, como quem sua nação não ama,

Ou não seria eu Vasco da Gama.


O tempo parece mais lento,

Ou talvez o Sol e a chuva o façam parecer

Talvez estejamos fora da rota,

Perdemos já navios, será que vão aparecer?

Seguiram outro caminho?

O Gigante Adamastor os devorou?

É incerta a viagem, mas só se pode gabar quem nela se aventurou.


Finalmente, desenhou-se naquele momento,

A figura escura e temida,

Parecendo, por nos ver, ofendida.

Tomo coragem, aproximo-me, valerá a sorte?

Não se sabe, apenas com o tempo se decidirá:

Vida ou Morte.


Sinto a guerra a fervilhar:

-“Ó Vénus, Vénus, onde estás

Que não me vens ajudar,

Ajuda esta tripulação

A vencer, a ganhar!”


Palavras ditas, Desejo realizado,

Vimos mais tarde a sorte do nosso lado,

O Gigante Adamastor, se treta tem,

Que é o muito que pode ter,

Desta vez não poderá vencer.

Segredo tinha, segredo revelou.

Aquela por quem ele suplicava,

A ele se renegou, e ele em nós se vingava,

Sem saber como se manter, sem nunca fraquejar,

Mas fraquejou, e esse momento bastou,

Para a minha tripulação aquele lugar deixar.


Passada a grande prova, sinto-me capaz de tudo,

Sei que o destino é incerto mas não é mudo,

Pois tenho a certeza que nos vai falar,

Irá dizer-nos até onde chegar!