segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Trindade Eminente"

Não há luar! Chegou a aurora!
Escuta… o rufar dos tambores!
Não me abandones agora!
Porquê desistir tão abruptamente dos meus amores?


Viver dói, disseste outrora.
Teu destino decidiu pelo que de ti viu.
Não me dás valor menina…
Preenche agora a tua sina.
Foi o abandono que pediste
Porque então te mostras triste?
Aí tens! Tua chamada, rufar dos tambores!
Parte, mais não sintas dores.


Viver dói, sim!
Mentir não posso, então não desminto!
É dor verdadeira o que às vezes sinto,
Mas quero que apostes em mim.
Não me entregues a esse cruel destino
Esse que tem duas faces
Que me inventa tais desenlaces
Mas que me mantém viva… é meu eu genuíno...


Sim, eu e tu somos um só.
Se te fores, contigo vou
Se ficares, aqui estou.
Não há desenlace para tal nó!
Chamas-me cruel?
Cruel é a vida!
Ela é que é matreira destemida
Ela é que te é infiel!
Inventa essas trágicas aventuras
Essas temidas loucuras…
Põe à prova quem tem vida
Pois sabe que está aí metida
Se fores fraca é o teu fim
É preciso ter cautela…


Mas não posso viver sem ela!

Poderás viver sem mim?

Ah! Que discurso comovente…
Bem, não vou ficar aqui assistente
Permitam-me interromper
Mas não estamos a concorrer!
Que importa qual o papel
Que é mais cruel
Se somos um ciclo vicioso?
Mas harmonioso!


Um ciclo, uma trindade!
Existimos em função dessa única verdade.


Verdade…
Os vossos tambores anunciaram a partida
Mas somos uma trindade eminente.
E se eu ainda te quiser vida….
Até que ponto sou independente?